quinta-feira, 30 de junho de 2016

Todos os dias morre uma Juma

Juma era mascote do 1º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército. A onça foi abatida após ser exposta durante o revezamento da Tocha Olímpica em Manaus e escapar. Talvez a comoção que sucedeu  o trágico fim da onça-pintada Juma desperte a sociedade para os conflitos socioambientais brasileiros. Trabalhar as dimensões humanas da conservação e manejo de animais silvestres é mais do que necessário, é urgente.
Todo dia morre uma onça-pintada - pior, várias - em decorrência de pessoas que ainda insistem em abater esses indivíduos por prazer, por status, para aprisionar sua beleza singular em um tapete sob o qual jaz o escrúpulo humano. E não me venham com a história de que faz tempo que esse tipo de criatura não habita mais a Terra; Todo dia morre uma onça-pintada atropelada por excesso de velocidade, por falta de reconhecimento de governos da necessidade de passagens de fauna nas estradas para a segurança de pessoas e animais; Todo dia morre uma onça-pintada para que seu filhote seja feito de mascote, vendido numa fronteira do Brasil, principalmente se for melânico, criado por comunidades ribeirinhas até que se torne um problema para a segurança pública e para os órgãos ambientais. Há dezenas de grandes felinos em condições inadequadas de cativeiro precisando de destinação, muitas vezes insalubres, apesar dos esforços daqueles que se dedicam a melhorar suas condições de vida. Verba e estrutura nunca chegam.
Todo dia morre uma onça-pintada quando esta é subtraída da natureza e fica incapacitada de exercer seu papel biológico. Salvo os programas de cativeiro onde esses indivíduos são incluídos em planos de manejo sérios, que visam a conservação da espécie. Para que fique claro, cabe a sociedade demandar esclarecimentos e cabe ao poder público apurar o acidente. Em qualquer esfera e instituição, seja ela pública ou privada, condutas abusivas precisam ser combatidas, revisadas e corrigidas. Nem sempre exibição de animais em público será sinônimo de conservação. Mas acredito que um animal acorrentado e exibido num evento desta magnitude foi um despropósito para a proteção da onça-pintada no Brasil. Sinto vergonha de que o mundo tenha presenciado tamanha infelicidade.
O tiro desferido contra Juma é a metáfora perfeita do dano que praticamos contra nossa biodiversidade. E a mudança cabe a todos nós. Apesar do desabafo, espero que todos os projetos sérios de conservação de onça-pintada de cativeiro e vida livre sejam amplamente divulgados e apoiados. E que suas equipes sejam reconhecidas.
Por Mirella Lauria D’Elia - Foto: Vandré Fonseca ((o))eco


4 comentários:

chica disse...

Puxa,que texto forte! Faz pensar e chega a dar arrepios! Que coisa isso! Obrigadão pelo carinho! bjs, chica

Anete disse...

Tetê, este texto é um alerta, um grito, um desabafo e é importante que o problema seja bem conhecido!!
Medidas precisam ser tomadas urgentemente...

Bjs e boa noite...

Verena disse...

Tetê querida
Também fiquei indignada com a morte do pobre animal.
Mencionei este triste fato aqui:
http://bichinhosamados.blogspot.com.br/2016/06/bichinhos-se-o-bichinho-pudesse-falar_22.html

Fiquei muito feliz em te ver brincando conosco.
Sua frase ficou muito divertida.
Tenha uma boa noite e um bom descanso, amiga
Beijinhos de
Verena e Bichinhos.

Bell disse...

Muito triste!!

Um maravilhoso julho para você =)